Vírginia Woolf, uma das fundadoras do movimento modernista inglês, nasceu em Londres e teve contato com o mundo literário desde cedo, através de seu pai o editor Leslie Stephen. Largamente conhecida por suas obras, Woolf apresentava em seus livros questões políticas, sociais e também um pensamento feminista. Refletia sobre a situação da mulher e suas limitações diante das imposições de um mundo masculino.
Em 1925 ela lança o livro
Mrs Dalloway, romance que foge à típica escrita britânica da época. O livro narra as 12 horas que antecipam uma festa proporcionada por Clarissa Dalloway ao seu marido e convidados. Ao longo dessas horas apresenta-se o passado e o presente de personagens que fizeram parte da vida de Clarissa. Virgínia Woolf trabalha, nesta narrativa, com a identidade da protagonista que ao se casar deixa para trás sonhos, expectativas e logo se apresenta como a "boa esposa" e "boa anfitriã". Sabendo um pouco sobre a vida de Woolf, podemos ver também que muitos desejos e angustias da própria autora perrmeiam as situações descritas no livro, trazendo ainda mais veracidade a representação dos problemas femininos da época.
A escritora critica em sua obra a relação patriarcal da sociedade inglesa no inicio do século XX, reconhecendo a dificuldade da mulher em conquistar seu espaço diante da dependência econômica e do pouco acesso à educação. Woolf destaca essa condição feminina em seu livro, trazendo situações em que a mulher era “o reflexo do homem” ou oprimida por este. A exemplo da própria protagonista da obra, Mrs. Dalloway, que se escondia atrás do sobrenome do marido: só descobrimos depois que seu nome era Clarissa e que antes de casar-se chamava-se Miss Parry (sobrenome do pai). Estava sempre definida pelo outro, pelo homem, “pertencendo” primeiro ao pai e depois ao marido, mas nunca se pertencendo nem sendo ela mesma, Clarissa.
Na personagem de Peter Walsh, vemos que Clarrisa Dalloway era a “pefeita dona de casa” da época, com os bons constumes, as etiquetas, preocupações e cuidados da mulher “ideal”. Sempre preocupava-se com o bem estar do outro e com a posição que aparentava. Peter percebe que as posições de Clarissa haviam sido anuladas depois do seu casamento e que ela estava sempre de acordo com o marido, como uma sombra deste.
Outra crítica é feita por Woolf, quando cria o Sir Bradshaw, personagem que julgava o grau de “normalidade” de uma pessoa a depender das tarefas que assumia em relação ao seu gênero. Ou seja, se analisava uma mulher que tinha como habito a costura, os afazeres domesticos e maternos, concluia que era uma pessoa completamente normal.
Durante a narrativa, conhecemos personagens que são marcados, de uma forma ou de outra, pelas imposições patriarcais e matrimoniais da época: a exemplo de Mrs. Dempster, que vê o casamento como um sacrifício que torna a vida muito óbvia e massante. E Mrs. Bradshaw que se submete ao marido e se apaga do seu lado.
Mrs. Dalloway contextualiza a Inglaterra do início do século XX ao trazer em cada personagens caracteristicas da época. Ela luta pela causa feminina na fala de suas personagens e mostra uma sociedade pós guerra em momento de mundança, focando as relações patriarcais e matrimoniais.
Links e fontes:http://queirosiana.blogs.sapo.pt/17451.html
http://orgialiteraria.com/?p=1540
http://www.releituras.com/vwoolf_menu.asp
http://oritameji.blogspot.com/2010/05/virginia-woolf-e-suas-mulheres-mrs.html
http://www.anpuhsp.org.br/downloads/CD%20XVIII/pdf/PAINEL%20PDF/Liliane%20Lopes%20Muniz.pdf
http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/viewFile/5474/6096
Muito interessante, comecei a ler Virgínia há pouco tempo (numa pesquisa por Virgínia + Feminismo achei o blog/post), e estou maravilhada pelo envolvimento dela com a causa feminista. Quero muito ler Mrs. Dalloway, assim como Orlando, outra obra dela que dizem ser muito feminista.
ResponderExcluirADOREI!!
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