sexta-feira, 30 de julho de 2010

Direito das Mulheres: Brasil vai mal

Do site da ADITAL,Agência de Informação Frei Tito para América Latina (gentileza de Leticia Pereira):

Durante a XI Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe (Cepal) em Brasília, informou-se sobre resultados de pesquisa de países que respeitam o ‘Consenso de Quito’, documento para adotar medidas de ação positiva para garantir a plena participação das mulheres nos cargos públicos e representação política, em formular programas integrais de educação pública não sexista, promover o respeito aos direitos humanos integrais das mulheres indocumentadas, esforçar-se para firmar, ratificar e difundir a Convenção para a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher e seu Protocolo Facultativo, entre outras decisões.

Equipe técnica analisou dados qualitativos e quantitativos cedidos pelos próprios países e dados oficiais do Observatório Regional de Paridade de Gênero da Cepal para detectar quais nações mais se aproximaram da execução dos seus compromissos.

Neste ranking, a Argentina ficou no topo, e foi nomeado o país latino-americano que mais respeita os direitos das mulheres. Costa Rica, Chile, Uruguai, Panamá e México também ficaram em posições elevadas por cumprirem parte das promessas. Já o Brasil ficou em penúltimo lugar por não haver avançado nas dimensões básicas fundamentais para a garantia do exercício dos direitos das mulheres. O país só ficou abaixo da Guatemala.


http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cat=8&cod=49481

sábado, 24 de julho de 2010

Homenagens da UFBA: e as mulheres?

Recentemente, o Reitor da UFBA, Naomar Monteiro, informou que o Conselho Universitàrio dessa instituiçao propus batizar as novas instalaçoes dos campi com nomes de figuras de recohecida trajetoria na ciência e arte. Eis a proposta:

a) PAF-I : Pavilhão de Aulas Reitor Felipe Serpa.

b) Reconfirmar a denominação de Pavilhão de Aulas Professor Alceu Hiltner ao atual PAF-II.

c) PAC: Pavilhão de Aulas Reitor Heonir Rocha.

d) PAF-III: Pavilhão de Aulas Glauber Rocha.

e) Pavilhao de Aulas de São Lázaro: Pavilhão de Aulas Professor Thales de Azevedo.

f) Nomear o antigo centro de convivência, hoje refuncionalizado para abrigar o restaurante universitário, como Restaurante Universitário Manoel José de Carvalho.

g) Reconfirmar a designação de Biblioteca Universitária de Ciências e Tecnologias Professor Omar Catunda.

h) Batizar a nova biblioteca de saúde como Biblioteca Universitária de Saúde Professor Álvaro Rubim de Pinho.

Com a sua frequente lucidez, a professora Estela Aquino manifestou sua perplexidade pela ausência de mulheres na homenagem, com esta carta, que circulou nas listas de debates e que transcrevo textualmente;

Prezado Reitor Naomar e demais integrantes desta lista:

Acabo de voltar da XI Conferencia Regional da Mulher Latino Americana e do Caribe, onde integrei a delegação brasileira como uma das
representantes da sociedade civil, e junto com mais de 700 pessoas de 33 países discutimos o tema "Que Estado, para que igualdade?".
No documento final - o Consenso de Brasília - foram acordados compromissos de todos os governos para a superação das desigualdades de gênero em nossa região (www.eclac.org).
Lá também celebramos a recente criação por parte da Assembléia Geral das Nações Unidas de uma nova entidade para a igualdade de gênero e delegação de poderes às mulheres, chamada ONU Mulheres.
É portanto com desconforto e espanto que constato entre tantas homenagens, aprovadas pelo egrégio Conselho Universitário, não há sequer um nome de mulher.
Não há na história da UFBA mulheres que mereçam homenagens?
Espero ainda poder assistir o dia em que o culto à memória nesta instituição inclua homens e mulheres, que vêm construindo a UFBA e
levando ao mundo seu valor social e cultural, sem discriminação.

Estela Aquino
Coordenadora do MUSA
Instituto de Saúde Coletiva
MUSA-Programa em Gênero e Saúde

I SEMINÁRIO INTERNACIONAL: POLÌTICAS DE ENFRENTAMENTO Á VIOLÊNCIA DE GÊNERO CONTRA AS MULHERES XVI SIMPÓSIO BAIANO DE PESQUISADORAS (ES) SOBRE MULHER

Violência de Gênero: suas várias faces

08 a 11 de novembro de 2010
Salvador - Bahia



O Simpósio Baiano de Pesquisadoras(es) Sobre Mulher e Relações de Gênero é um evento que faz parte das atividade anuais do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher – NEIM/UFBA – e este ano chega a sua décima sexta edição com o tema Violência de Gênero: suas várias faces. Este ano, junto ao simpósio, teremos também I Seminário Internacional: Políticas de Enfrentamento à Violência de Gênero Contra As Mulheres também realizado pelo NEIM, em parceria com OBSERVE-Observatório de Monitoramento da Aplicação da Lei Maria da Penha.


O objetivo dos encontros é debater as diferentes manifestações da violência de gênero, como também iniciativas e experiências voltadas para coibir a violência de gênero, abrangendo tanto o plano teórico como práticas desenvolvidas no âmbito acadêmico, das políticas públicas, seu monitoramento e nos demais processos educativos, organizacionais e políticos em curso na nossa sociedade. Buscamos dar visibilidade às diversas formas de agressão possíveis, não apenas os abusos físicos, mas também a violência moral e psicológica, os abusos patrimoniais, a violência ocorrida dentro das relações familiares ou institucionais.
Enquanto o simpósio será um espaço mais voltado para pesquisas e discussões acadêmicas, o seminário internacional focará em reflexões e construção de parcerias, nacionais e internacionais, voltadas para o monitoramento das políticas de enfrentamento à violência de gênero contra a mulher, contando inclusive com representantes de observatórios de violência existentes na Ásia, Europa e América Latina.

As propostas de trabalho deverão se voltar para o debate acerca das diferentes manifestações de violência de gênero contra as mulheres e iniciativas e experiências voltadas para coibir a violência de gênero, abrangendo tanto o plano teórico como práticas desenvolvidas no âmbito acadêmico, das políticas públicas, seu monitoramento e nos demais processos educativos, organizacionais e políticos em curso na nossa sociedade. Em especial, com o I Seminário Internacional: Políticas de Enfrentamento á Violência de Gênero contra as Mulheres, pretende-se abrir um espaço para reflexões e a construção de parcerias, nacionais e internacionais, voltadas para o monitoramento dessas políticas.

Inscrições de trabalhos até dia 15 de agosto.

Cartas de aceite enviadas até 03 de setembro.

Site do evento: www.simposioneim.ufba.br
Informações: neim@ufba.br

terça-feira, 13 de julho de 2010

Flor do Deserto


A maioria dos filmes biográficos - principalmente os norte-americanos - caracterizam-se por contar a história de uma pessoa que ou revolucionou o mundo de alguma forma, ou teve uma infância complicada, mas que, no futuro, conseguiu dar uma volta por cima, trazendo uma "lição de vida" para todos. Dentre os filmes desse gênero podemos citar: O Martírio de Joana D'Arc; Piaf - Um Hino ao Amor; Coco Antes de Chanel; Frida, entre outros.

No dia 25 de junho, estreou mais um filme biográfico nas telinhas do cinema. O longa chama-se Flor do Deserto, roteirizado e dirigido por Sherry Homan, e conta a história de Waris Dirie, uma modelo de fama internacional que nasceu e passou a infância no deserto da Somália. Baseado no best-seller homônimo escrito pela própria modelo, o filme, no geral, é muito interessante e surpreendente.

A história não é contada de forma linear. No começo do filme, temos um breve acesso à infância de Waris, em pleno deserto da Somália. Lá, nos é apresentada as condições de vida da protagonista e sua família: eram nômades, trabalhavam com o pastoreio, moravam em uma barraca sem nenhuma estrutura, a comida era escassa e tinha que ser dividida entre todos os irmãos. Logo depois, o cenário muda completamente e já estamos em Londres, cidade moderna e movimentada. Ainda não sabemos como Waris foi parar lá, mas é perceptível que ela não está adaptada ao local. Ela vive nas ruas, cata lixo para sobreviver e ainda não sabe falar inglês fluentemente.

Um dia, ao entrar em uma loja de conveniência, a protagonista acaba conhecendo Marylin, uma aspirante a dançarina que vive frustrada por não conseguir a aprovação de nenhuma escola de dança. Depois de insistir muito para passar uma noite com a moça e não dormir na rua, Waris consegue conquistar, aos poucos, a amizade de Marylin, que passa a incentivar a somali a mudar de vida. A partir disso, a vida de Waris começa a tomar outros rumos.

Cena do filme Flor do Deserto

Waris passa a trabalhar no McDonald's, local onde sua beleza é notada pela primeira vez pelo famoso fotógrafo Terry Donaldson, que propõe que a moça realize um ensaio fotográfico com ele. Depois de muito tempo, finalmente Waris decide aceitar o convite e, devido ao sucesso proporcionado pelas fotos, começaram a surgir várias oportunidades de trabalho como modelo fotográfica e, posteriormente, como modelo de passarela.

Com o passar do tempo, Waris fica conhecida mundialmente, tendo o seu rosto estampado em outdoors e capas de revistas de moda. O dia em que Terry Donaldson descobriu a modelo passou a ser conhecido como "o dia que mudou a vida de Waris Dirie". Porém, o mundo não sabia que, na verdade, o dia que mudou a vida da modelo aconteceu na Somália, quando ela tinha apenas cinco anos.

Waris sofreu uma mutilação genital feminina do tipo infibular, em que ocorre a remoção do clitóris, do prepúcio, dos lábios maiores e menores, deixando apenas uma pequena passagem da urina e do sangue menstrual. O ritual foi feito de forma inadequada, sem qualquer tipo de higiene, causando uma infecção na região vaginal que só cessou quando a modelo fez uma cirurgia depois de adulta.

Ao longo do filme, aparecem diversas cenas que provocam uma reflexão a respeito dessa prática. Uma delas é o diálogo que ocorre entre a modela e Marylin, sua amiga:

Waris

Uma mulher de respeito não faria isso.

Marylin

Uma mulher pode fazer o que quiser e ser respeitada.

Waris

As mulheres cortadas que são boas.

Marylin

Cortadas como?

(Waris levanta o vestido)

Marylin

Quem... quem fez isso com você?

Waris

Não fizeram isso com você? (chorando)

Na cena final do filme, Waris, que havia assumido publicamente um dos seus maiores segredos, realiza um discurso público em um encontro da ONU, onde critica essa prática e propõe uma discussão sobre "o que é ser mulher". Parte do discurso pode ser conferido abaixo:




Texto de Flávia Santana